domingo, 17 de julho de 2011

Uma Noite!...

Noite gélida.
Sonâmbulo, só,
no escuro difuso,
pairo silente, ofegante,
junto à janela...
...a vidraça embaça!...

Da minh’alma,
os olhos e os ouvidos
contemplam e ouvem.
Da matéria?
Nada!...

Que mundo é esse
de onde ouço risadas...
...gargalhadas...
De insanos murmúrios...
De volúpias de prazeres...
De orgias irreveláveis!...

De recônditos sofreres
de onde ouço gemidos:
dos desvalidos,
dos esquecidos!...

São gemidos de fome,
de frio, muito frio...
De angústia, muita angústia...
De dor, muita dor, pelas
vidas que se esvaem.
De pais e filhos
que se apartam!...

Ouve-se ao longe
abafados suspiros,
entre primeiros e
últimos suspiros,
Daqueles que ficam,
daqueles que partem!...

Vidas extratestuais:
dos orçamentos,
dos meus textos,
das revistas,
dos jornais!...

Ainda na janela, acordo
e volto ao meu mundo,
a este mundo real...
...quero falar, dizer tudo...
...a voz... ...não digo...
...e a penúltima lágrima cai!

J. P. Fontoura.

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