25 de Fevereiro de 2014 • 21h08 • atualizado às 21h33
Manobra do PT adia votação sobre investigação da Petrobras
Oposição e bloco de descontentes da base governista defendem
a criação de uma comissão externa para investigar denúncias
Fernando DinizDireto de Brasília
Uma manobra do PT adiou nesta terça-feira a
votação para a instalação de uma comissão externa com objetivo de investigar
denúncias de pagamento de propina a funcionários da Petrobras. O requerimento é
uma iniciativa da oposição, mas ganhou apoio do bloco informal de descontentes
com a articulação política do governo Dilma Rousseff, composto por oito
partidos.
Para evitar a votação, o PT apresentou uma série de requerimentos com objetivo de adiar
a votação na qual a oposição tinha fortes chances de sair vitoriosa. Ao
encerrar a sessão pautada para analisar a proposta, o presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), evitou pautar o requerimento para a sessão
extraordinária que iniciaria em seguida. Em retaliação, integrantes do bloco
impediram a votação de outros projetos previstos.
Saiba Mais
Alves negou privilégios ao governo. "Eu tenho que ter
isenção institucional. (...) Eu sou presidente da Casa, não tenho
partidarismos", disse. Questionado se teria recebido algum pedido do
Palácio do Planalto, o peemedebista reagiu: "a pergunta é
desrespeitosa". A nova votação do requerimento está prevista para às 11h
desta quarta-feira.
Na semana passada, o jornal Valor Econômico divulgou que a
SMB Offshore é investigada por autoridades da Holanda, da Inglaterra e pelo
Departamento de Justiça dos Estados Unidos desde 2012. A suspeita é que um
ex-funcionário da empresa teria pagado R$ 250 milhões em propinas, dos quais
US$ 139 milhões para intermediários e funcionários da Petrobras.
A companhia holandesa tem contratos de construção e aluguel
de plataformas à petrolífera brasileira. A ideia dos oposicionistas é enviar um
grupo para a Holanda com objetivo de tentar colher documentos das investigações
naquele país.
A criação da comissão externa foi colocada como primeiro
item da pauta na sessão desta noite, conforme acordo na reunião de líderes da
Casa. A decisão foi possível com o apoio da oposição e do bloco informal criado
pelos governistas PMDB, PP, PSC, PDT, PTB, PR, Pros, descontentes com a articulação política do governo
Dilma, e o oposicionista SDD. O vice-presidente da República, Michel Temer, chegou
a reunir líderes da base aliada ontem, mas não conseguiu conter os ânimos dos
parlamentares.
O líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), reconheceu
que a comissão externa seria uma consequência de um descontentamento da base
aliada. Ele propôs tentar ter acesso às informações obtidas pela Petrobras ou a
convocação da presidente da companhia, Graça Foster, para dar explicação, mas
não convenceu os colegas.
“Eu tenho a preocupação que a Câmara possa ficar em uma
situação constrangedora. O fato é que ninguém tem segurança de que junto ao
Departamento de Justiça dos Estados Unidos uma comissão do Parlamento
brasileiro chega lá e consiga as informações. Isso foi ponderado, entretanto,
não me pareceu que foi levado em conta”, disse.
Oposição articula CPI
A oposição também articula, com coleta de assinaturas, a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a Petrobras. Além das denúncias envolvendo a SMB Offshore, a CPMI teria por objetivo investigar contrato firmado com a construtora Odebrecht, em 2010, no valor de US$ 825,6 milhões, já em apuração pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e compra e venda de ativos no exterior.
A oposição também articula, com coleta de assinaturas, a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a Petrobras. Além das denúncias envolvendo a SMB Offshore, a CPMI teria por objetivo investigar contrato firmado com a construtora Odebrecht, em 2010, no valor de US$ 825,6 milhões, já em apuração pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e compra e venda de ativos no exterior.
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