quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Anomalia do Exercício Político.

  A política clássica é a arte ou a ciência de administrar os bens materiais e imateriais de um Estado tendo como objetivo atingir a harmonia nas relações entre as diferenças oriundas da “natureza do ser social”. Por essa razão a busca de uma vida digna é um direito desse ser social, enquanto indivíduo, mas passa a ser um dever quando ele estiver investido na condição de empregado na gestão da coisa pública“ a serviço da “organização social natural”, que pode ser: o Município, o Estado Simples, o Estado Federal ou uma fração destes.

  Mas na realidade do exercício político o que se constata é uma distorção entre os objetivos que o próprio Estado estabelece em relação às partes. De um lado uma parte desses seres sociais em busca da estabilidade a partir das obrigações do Estado; de outro a parte dos que buscam as benesses desse Estado sem a contrapartida de seus deveres... ...Entre esses, aqueles que, sem amparo político, vivem a margem dos benefícios das obrigações do Estado, daí a desarmonia nessas relações... ...Acima desse trinômio da discórdia social encontramos soberano e indiferente, aquele que deveria eliminar essa desigualdade: o “Estado Monárquico com características imperialistas autocráticas” substituindo o Estado ético e forte.

         Na gestão da coisa pública os seres sociais políticos (agentes gestores do Estado) deveriam abster-se de se auto-intitular detentores de fórmulas mágicas ou de panacéias para solucionar os problemas dessa desarmonia, mas agem contrariamente a esse princípio...

        Seus atos políticos deveriam se restringir às ações partidárias, onde, ai sim, lhes caberia defender princípios compatíveis com pontos de vista ideológicos harmonizando-os com os interesses das classes sociais naturais, pois o cidadão, independente de ser agente, é célula pública da sociedade enquanto eleitor e, como tal, dessas leis naturais, precisando empenhar-se para compreender e  respeitá-las.

 Como agente público, tem o dever, através da autocrítica, de frear o egocentrismo de sua personalidade, despojando-se do hedonismo de suas vaidades, procurando, primeiro ouvir depois falar para somar a favor do bem comum que deve ser seu objetivo primordial.

Deve procurar entender que não existem verdades absolutas, pois suas verdades serão sempre relativas à capacidade que tiver para entender: os outros, a si mesmo, a natureza e os fenômenos desta, pois nem mesmo os “Deuses” são verdades absolutas.

O verdadeiro saber não se resume ao conhecimento das verdades absolutas, mas sim do entendimento das complexas verdades relativas... ...A ausência dessa compreensão é sempre motivo de rejeitarmos “aquilo” que não temos capacidade de entender!...

Esses são os princípios fundamentais em nome dos quais o homem público deverá “despojar-se de sua individualidade em favor do coletivo” empenhando-se em criar as regras comportamentais para a coexistência pacífica da sociedade, através das quais deverá, também, explicitar e comungar suas idéias sem sectarismos onde fique claro que tanto a intenção quanto a ação para o uso indevido e a doação e o recebimento do bem público se configurem somente naquilo que estiver ordenado na lei!... 

 O afastamento, cada vez maior, dessas regras e do vigor acima referidos, só tem gerado conflitos, armados ou não, que retardam a felicidade do homem enquanto Ser Social e ou Político, ou seja, da sociedade!...

Portanto ao Ser Social e ou Político, enquanto representante de uma “coletividade”, cabe manter: a correção moral, a compostura, a decência, a dignidade, a nobreza, a honradez e o pudor ético que constituem a essência do decoro, em “qualquer dimensão do tempo e do espaço sócio-político”!...


Delmar Fontoura.


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