quinta-feira, 6 de junho de 2013

Por que essa negativa à Paz?


 
Se “aqueles” maus, há um tempo, ensarilharam suas armas nos quartéis,
Por que “estes” justos, hoje, não ensarilham seus espíritos nos cordéis?
 
Se não foi em nome do Estado nem do Povo, em nome do quê e de quem, esses, hoje tratados como heróis, vivos ou mortos, empreenderam tal aventura? Quando se propuseram a tal, sabiam “do ônus, mas também, do bônus”. Sabiam que o Regime Militar imposto se propunha enfrentar uma terrível força que se impunha e alastrava pelo mundo, contrariando princípios máximos da convivência em paz.
Por que não subjugamos esse triste episódio às páginas da nossa história. Por que não permitem que essas “feridas” cicatrizem; que paire verdade sobre as verdades e mentiras; que se dê clareza ao contexto de suas causas e consequências...  ...Por que não se apaga, em definitivo, esses extremismos de paixões e sentimentos de revanchismo, pela “derrota” ou pela “conquista” que não houve... ...quando sabemos que só houve perda...
Não sejamos hipócritas. Sabemos todos que nesse caso, nem as supostas “verdades e mentiras são nobres”, pois, entre elas, existem falsos sentimentos tanto de júbilo quanto de dor, “rescaldo” de uma batalha entre irmãos da qual não resultaram vencedores muito menos vencidos, mas que já está gravada como uma mácula em nossa história “embaçando a memória dos verdadeiros injustiçados”...
Ora, é sabido que as sociedades surgiram a partir de grupos primitivos de seres humanos com seus costumes originais, que foram embrião de suas culturas e nascedouro da sociedade natural. Mas quando essa “sociedade” evoluiu para sociedade organizada, constituindo-se em Estado, aquelas que se mantiveram isoladas e onipotentes, mantendo a ideia do patriarcalismo primitivo é que, naturalmente, se transfomaram em comunas subjugadas, com a distorção do agente orgânico dominador, herança do líder (ex-chefe de tribo) primitivo, avocando para si o falso dever, carregado na farsa do protecionismo.
 Ora! Se os primórdios da sociedade tiveram origem a partir do princípio da natureza orgânica do agente antropológico – o ser humano – não do ordenamento ambíguo do estado, conclui-se que este serve, apenas, como invólucro das sociedades modernas. Portanto, seus agentes gestores devem subordinar-se à sociedade não esta a eles ou a qualquer outra forma de regime autocrata em detrimento da democracia representada por sua essência, que é a soberania do Povo...
A maioria das teorias sociais teve e tem “grandes” ideias ou ideias grandes, mas eivadas de personalismos, esquecida de que a sociedade natural se fundamenta em “princípios, também, naturais”, que se consolidaram na sociedade moderna.
Mas o desequilíbrio dessas forças antagônicas, que agregam e desagregam, é próprio da natureza humana. Mas não se pode admitir, nessa premissa, que o personalismo tacanho dos agentes políticos atuais se sobreponha à polissemia do interesse social, impedindo que o Estado, puro e ético, seja seu verdadeiro guardião e moderador.
Sabemos que a plenitude de uma sociedade é uma utopia. Não devemos desperdiçar nosso tempo em busca do Jardim do Éden, mas a harmonia social deve ser buscada e, constantemente, aperfeiçoada para satisfação e equilíbrio entre esses instintos gregários e ao mesmo tempo dominadores do ser antropológico, pois isso é um legado daquela sociedade natural da qual somos originados. Mas está mais do que provado que não é privilegiando segmentos enraivecidos de uma sociedade, principalmente, quando ela se constitui como uma disfarçada autocracia apelidada de democracia, que o atingiremos.
Delmar Fontoura 

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