Quando critico o comportamento do
político, em exercício ou não, na realidade estou criticando um ser social
interagindo na sociedade que é o instituto da organização através do qual
tentamos viver em harmonia. Mas este instituto atribui deveres e, ao mesmo
tempo, restringe direitos a seres humanos que são parte de uma natureza
com leis próprias, que não se subordina e é contrária às imposições
da organização social.
De nada valerá a tentativa de
convivência social em harmonia sem considerar esta verdade absoluta. Não serão
a imposição de deveres e a restrição de direitos que limitarão a força do ser
antropológico interagindo na natureza se ele é matéria e títere desta.
Embora a sociedade imponha a
obrigatoriedade de sermos do bem o ser antropológico tanto pode ser anjo quanto
demônio, não por sua vontade, mas por imposição. Ao mesmo
tempo as forças do que chamamos de vida são, também, as do que
chamamos de morte, sem considerarmos que na dimensão em que vivemos matéria não
nasce nem morre!
Mas o que tem nos mantido como sociedade
é a força da essência natural das inter-relações sociais, com seu
equilíbrio entre as ações e as reações do ser humano, se constituindo como
instrumento da harmonia social. Eis a razão porque deveríamos exigir que o
político tivesse essa compreensão e assumisse, de vez, o papel de agente
regulador dessa harmonia há muito renegada nas promessas das plataformas
políticas.
Essa é a razão pela qual devemos nos
conscientizar de que a plenitude harmônica de uma sociedade é
uma utopia. Não podemos desperdiçar nosso tempo tentando transformar nossa
sociedade em um Jardim do Éden. Em vez disso devemos nos concentrar na busca do
necessário equilíbrio entre os instintos primitivos do ser antropológico e a
lei natural que o rege, compatibilizando-o com o ordenamento do Estado. Mas
está mais do que provado que não é privilegiando segmentos da sociedade,
principalmente, quando ela se constitui como uma Autocracia apelidada de
Democracia, que atingiremos a harmonia social.
Se sociedade natural teve suas origens a partir da natureza orgânica
do agente antropológico não do ordenamento dos estados constituídos, concluímos que estes
são, somente, exigindo que os agentes gestores
desses estados devam se subordinar à sociedade não esta a eles.
Não podemos, em hipótese alguma, admitir
a imposição da ambiguidade dominadora e “obscena” da trilogia
ideológica: Esquerda, Centro e Direita no exercício político e esquecermos
de que a tendência às políticas de objetivos sociais é polissêmica,
apontando para todos os quadrantes desses interesses, aparentando uma
contradição aos fundamentos naturais do desenvolvimento social, que tem como
base a organização harmônica do Estado moderno”, mas essa polissemia nada mais
é que a natureza do ser antropológico interagindo, ao mesmo tempo em que
repudia o freio, mas suporta a moderação.
Ao longo da história, a maioria dos
lógicos e pensadores sociais tiveram grandes ideias ou “ideias grandes”, mas
isoladas e com objetivos personalistas, esquecida de que a sociedade natural se
fundamenta em “princípios comuns” tendentes a se consolidar na sociedade
moderna.
Foi esta distorção milenar que, até
agora, abrigou os grandes equívocos da convivência social, onde prevaleceu o
egocentrismo do ser humano com efeito contrário ao do agregador nas tentativas
que se fez e faz em busca dessa harmonia, que só poderá ser alcançada a partir
do ordenamento consuetudinário dos instintos primitivos do equilíbrio dessas
forças antagônicas, que agregam e desagregam, mas que são próprias da natureza
humana. Sem esse reconhecimento nunca obteremos a tão almejada paz social.
Conclui-se, portanto, que cabe ao estado
evoluído, quando constituído como lídimo representante da Sociedade Organizada,
através do ordenamento, não permitir que o personalismo de seus agentes
políticos se sobreponha ao interesse social polissêmico, condição para o
equilíbrio dessa relação, que, ao se harmonizar, possibilitará o que tanto
almejamos!
Delmar Fontoura.
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