sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Contradição de Uma Trilogia Ideológica.


 Quando critico o comportamento do político, em exercício ou não, na realidade estou criticando um ser social interagindo na sociedade que é o instituto da organização através do qual tentamos viver em harmonia. Mas este instituto atribui deveres e, ao mesmo tempo, restringe direitos a seres humanos que são parte de uma natureza com leis próprias, que não se subordina e é contrária às imposições da organização social. 

De nada valerá a tentativa de convivência social em harmonia sem considerar esta verdade absoluta. Não serão a imposição de deveres e a restrição de direitos que limitarão a força do ser antropológico interagindo na natureza se ele é matéria e títere desta. 

Embora a sociedade imponha a obrigatoriedade de sermos do bem o ser antropológico tanto pode ser anjo quanto demônio, não por sua vontade, mas por imposição. Ao mesmo tempo as forças do que chamamos de vida são, também, as do que chamamos de morte, sem considerarmos que na dimensão em que vivemos matéria não nasce nem morre!  

Mas o que tem nos mantido como sociedade é a força da essência natural das inter-relações sociais, com seu equilíbrio entre as ações e as reações do ser humano, se constituindo como instrumento da harmonia social. Eis a razão porque deveríamos exigir que o político tivesse essa compreensão e assumisse, de vez, o papel de agente regulador dessa harmonia há muito renegada nas promessas das plataformas políticas. 

Essa é a razão pela qual devemos nos conscientizar de que a plenitude harmônica de uma sociedade é uma utopia. Não podemos desperdiçar nosso tempo tentando transformar nossa sociedade em um Jardim do Éden. Em vez disso devemos nos concentrar na busca do necessário equilíbrio entre os instintos primitivos do ser antropológico e a lei natural que o rege, compatibilizando-o com o ordenamento do Estado. Mas está mais do que provado que não é privilegiando segmentos da sociedade, principalmente, quando ela se constitui como uma Autocracia apelidada de Democracia, que atingiremos a harmonia social. 

 Se sociedade natural teve suas origens a partir da natureza orgânica do agente antropológico não do ordenamento dos estados constituídos, concluímos que estes são, somente, exigindo que os agentes gestores desses estados devam se subordinar à sociedade não esta a eles.     

Não podemos, em hipótese alguma, admitir a imposição da ambiguidade dominadora e “obscena” da trilogia ideológica: Esquerda, Centro e Direita no exercício político e esquecermos de que a tendência às políticas de objetivos sociais  é polissêmica, apontando para todos os quadrantes desses interesses, aparentando uma contradição aos fundamentos naturais do desenvolvimento social, que tem como base a organização harmônica do Estado moderno”, mas essa polissemia nada mais é que a natureza do ser antropológico interagindo, ao mesmo tempo em que repudia o freio, mas suporta a moderação. 

Ao longo da história, a maioria dos lógicos e pensadores sociais tiveram grandes ideias ou “ideias grandes”, mas isoladas e com objetivos personalistas, esquecida de que a sociedade natural se fundamenta em “princípios comuns” tendentes a se consolidar na sociedade moderna. 

Foi esta distorção milenar que, até agora, abrigou os grandes equívocos da convivência social, onde prevaleceu o egocentrismo do ser humano com efeito contrário ao do agregador nas tentativas que se fez e faz em busca dessa harmonia, que só poderá ser alcançada a partir do ordenamento consuetudinário dos instintos primitivos do equilíbrio dessas forças antagônicas, que agregam e desagregam, mas que são próprias da natureza humana. Sem esse reconhecimento nunca obteremos a tão almejada paz social. 

Conclui-se, portanto, que cabe ao estado evoluído, quando constituído como lídimo representante da Sociedade Organizada, através do ordenamento, não permitir que o personalismo de seus agentes políticos se sobreponha ao interesse social polissêmico, condição para o equilíbrio dessa relação, que, ao se harmonizar, possibilitará o que tanto almejamos!  

Delmar Fontoura. 

 

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