sábado, 28 de janeiro de 2012

Atemporal...


A Miséria Invisível...
Trecho do Capítulo IV, Silvia, do Ensaio Literário com o título: Onde um sonho pode nos levar.
 
 
– Pense naquelas pessoas da Vila Dilúvio. A Senhora já foi lá comigo e conhece bem as péssimas condições em que vivem. Olha! Vou ler para a senhora um trecho da Crônica do Jornalista Francelino Tavares no Correio de domingo, onde diz, se referindo à Vila:
...Seus lares são miseráveis casebres, muitos deles cobertos com folhas de zinco, velhas, enferrujadas; as paredes cheias de frestas; os pisos são de terra batida; suas ruas e avenidas são becos e vielas; os esgotos correm a céu aberto; crianças brincam descalças, cheias de bicho-de-pé, junto a cães, porcos, ratos, são esqueléticas, com suas barriguinhas cheias... ...de comida... ...não, de vermes! 
As mulheres, casadas ou não, adultas, adolescentes ou meninas: grávidas de crianças, que, muitas, nem pais conhecerão!... As doenças grassam, sem lenimento, por todo lado!... E os homens? Os homens: jogam, bebem, brigam, matam. Iniciam-se no uso dessa “erva” que começa a penetrar nesses vilas miseráveis. Traficam, fazem filhos; assim como matam, morrem.
E naquele ambiente de miséria e abandono total, numa impune demonstração de desrespeito ao ser humano, os poderosos e indiferentes permitem que se forjem os criminosos de todas as espécies; numa das mais cruéis formas de segregação dessa sociedade.”


Delmar Fontoura




PS. Ensaio completo no "Caminhos", título Literatura, aba direita.  


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