terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Onde um sonho pode nos levar!...


*Capítulo IV  de um Ensaio Literário  - Ver ensaio completo sob título Literatura em "Caminhos", aba direita do Blog.


Onde um sonho pode nos levar!...

Acordei!... Embora esteja usando o “pretérito perfeito do verbo”, me refiro a um momento entre um passado mais que perfeito e, ao mesmo tempo,  imperfeito... ...xifópagos, naquele momento, sem intervalo, tal meu estado de espírito e minha perplexidade como agente daquele evento fenomenal.

         Eram sentimentos entre maravilhado e assustado!... Meus pensamentos perdiam-se envoltos a um turbilhão de imagens, a tal ponto, que tudo me pareceu estar ocorrendo em outra dimensão de um tempo e de um espaço desconhecidos. Meu subconsciente não liberou tudo, me deixando a estranha sensação de uma imagem fugidia...

Os sonhos, normalmente, são difíceis de serem contados, pois se assemelham a takes descontínuos de filmes mal editados, mas neste, fora a exceção já descrita, as imagens se apresentavam perfeitamente compreensíveis. No início me encontrava no alto de um edifício com fachada envidraçada. Lá de cima, numa altura indeterminável, vislumbrava-se um espelho d’água entremeio aquela sensação de cortes de filmes e em continuidade, como que flutuando sobre a água, ectoplasmava-se uma imagem feminina, que se afastava e desaparecia numa bruma... ...a única estranhamente indelével.

No fenômeno estava subtendido que aquela imagem fugaz deixara sobre a água uma massa disforme envolta por uma proteção gelatinosa e translúcida... ...de repente pude perceber que, aquilo, que se apresentara disforme, se transformava lentamente numa criança vista de lado parecendo estar no aconchego do útero materno onde, claramente, podia ver seus pequeninos: rosto, pernas e braços se destacarem naquela estranha transformação.

Na frente do abdômen existia uma bolsa em continuação ao umbigo e a leitura que fiz, já acordado, foi de que se tratava de um “vitelo”, que mantinha ou manteve a vida daquele pequeno ser em ambiente tão adverso.

Ato contínuo aparece uma jovem, que acolhe a criaturinha, aconchega-o ao peito e sai correndo, como que levitando, sobre aquele espelho d’água!... ...Eram imagens deslumbrantes, de tão perfeita concepção que eu podia vê-la correndo sobre a água que saltava para os lados e para cima molhando seu vestido de tecido fino, que emoldurava a silhueta de seu belíssimo corpo, quando ela levantava e baixava suas pernas esguias e pés descalços. Na sua alegria e contentamento aparentava-se a uma bailarina em movimentos sensuais de um Balé!...

Até que eu pudesse sair daquele torpor, passaram-se alguns minutos, não saberia precisar quantos... ...mas ao retornar à lucidez pensei: teria sido natural que uma mulher tivesse tido aquele sonho, mas um homem!... E o simbolismo das imagens: a rejeição, a fuga furtiva; entremeio: a força da vida; a salvação, o acolhimento e a alegria estampados naquelas imagens de alucinante encantamento.

Após transcorrerem aqueles momentos de estranhas emoções, entre o fim do sonho e a plena consciência, tive coragem de acordar minha esposa e contar-lhe, com voz entrecortada pela emoção, pronunciando a primeira frase: “onde um sonho pode nos levar”!...

Delmar Fontoura.


Um comentário:

  1. Márcia Barcellos da Cunha31 de janeiro de 2012 às 15:41

    É um relato encantador,onde a emoção testemunhou um belo momento em outras esferas...Que foto mais sublime a da postagem e que nos remete a idéia de paz...amor...angelitude...
    Abraço. Márcia

    ResponderExcluir