sábado, 26 de maio de 2012

Meus Versos


Uma Noite!... 

Noite gélida.
Sonâmbulo, só,
no escuro difuso,
pairo silente, ofegante,
junto à janela...
...a vidraça embaça!... 

Da minh’alma,
os olhos e os ouvidos
contemplam e ouvem.
Da matéria?
Nada!... 

Que mundo é esse?...
De onde ouço risadas...
...gargalhadas...
De insanos murmúrios...
De volúpias de prazeres...
De orgias irreveláveis!... 

De recônditos sofreres...
De onde ouço gemidos:
dos desvalidos,
dos esquecidos!... 

São gemidos de fome,
de frio, muito frio...
De angústia, muita angústia...
De dor, muita dor, pelas
vidas que se esvaem.
De pais e filhos
que se apartam!... 

Ouve-se ao longe...
Abafados suspiros,
Entre primeiros e
últimos suspiros...
Daqueles que ficam;
daqueles que partem!... 

Vidas extratestuais:
dos orçamentos,
dos meus textos,
das revistas,
dos jornais!... 

Ainda na janela, acordo.
Volto ao meu mundo...
...a este mundo real...
...que é o mesmo!
Quero falar, dizer tudo...
...a voz... ...não digo...
...e a penúltima lágrima cai!


Delmar Fontoura.


Um comentário:

  1. Márcia Barcellos da Cunha27 de maio de 2012 às 18:21

    Delmar,
    Seu texto demonstra um pouco do que muitas vezes sentimos e não sabemos explicar...Sentimento sempre presente em cada um de nós que tentamos dar explicação ao que é tão sutil...quase imperceptível.Abraços. Márcia

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