quarta-feira, 30 de outubro de 2013

As Luzes e as Cores do Outono.

* Ensaio literário - Trecho de um Capítulo de "Onde um Sonho Pode nos Levar".
 

Frondosos Plátanos e suas folhas doiradas...
       Hoje é um dia especial para mim. Inicio minha caminhada costumeira e a passos lentos penetro neste ambiente de rara beleza e encantamento, mas de visões antagônicas, através das quais me reencontro com fantasmas e recordações de experiências que marcaram profundamente minha vida e minha alma. Aqui, neste “mundo sob as luzes do outono”, se confirmou uma antevisão através de um sonho.

 Retrocedo ao passado como se vivesse em um conto mágico e a cada passo que dou uma recordação rompe em meus pensamentos!... Meu coração bate descompassado!... Sinto arrepios e minha alma desprendendo-se do corpo!... Mesmo emudecido grito, mas em vão, ninguém houve, pois minha voz não se propaga no silêncio... ...tudo como se um ente tomasse conta do meu ser... ...Subitamente, percebo que se repete aquela misteriosa experiência vivida há tantos anos, e então, incapaz de resistir, me submeto a essa força indomável, aos meus fantasmas e às emoções...

Após essa viagem alucinante, como se sobre um quadro cinza triste se derramasse cores, reencontro-me naquele belíssimo dia de outono fazendo meu passeio vespertino. O sol vazava seus raios de um céu, azul profundo, límpido e, com sua generosidade Divina, permitia que se contemplasse o firmamento. Percebia-se que Deus estava ali, ectoplasmado naquela deslumbrante beleza...

Era a simbiose da natureza permissiva e um bálsamo para o corpo e para a alma, razão de eu ter escolhido as últimas horas das tardes do Outono para fazer minhas caminhadas naquela trilha formada por um longo corredor situado as margens de um lago em que cisnes vogavam exibindo uma aparente soberba.
 
Cisnes vogam com suas aparentes soberbas.
 As laterais desse corredor, ainda hoje, são constituídas por frondosos Plátanos que, neste período do ano, deixam suas folhas exibirem um degradê nas cores que variam: do verde já esmaecido junto aos talos, passando pelos tons de laranja e vermelho, culminando no amarelo doirado, tonalidades acentuadas pelos raios do sol: os diretos que penetram pelo poente do corredor e os indiretos que, entrelaçados entre folhas doiradas, se refletem num esplendor divino!...    

 Para realçar ainda mais a beleza desse conjunto, acrescente-se que esses raios ao entrelaçarem-se entre as copas das árvores, fazem com que seus feixes de luz criem um belíssimo efeito sobre os matizes das folhas ainda não caídas e das que formam um tapete doirado no chão por onde, absorto em meus pensamentos contraditórios, caminhava naquele longínquo momento e onde me encontro agora...
 

Delmar Fontoura

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