quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A Gênese em Prosa e Verso.


Ó Camões! Como tu és, em tua eternidade, responsável por teres glorificado em loas só virtudes lusitanas que aqui não chegaram. Trouxeram-nos, sim, em Naus Caravelas embarcadas por ratazanas, só “nevoa, sujo-escuro, suja”, que de certo já se fazia notar no Castelo de Belmonte, terra de Cabral em Beira Baixa!...
 

Pois foram de Cabral essas
Naus Caravelas, que,
da gênese vindas, trouxeram,
de lusitanas terras onde concebidas,
que geraram as aqui nascidas e crescidas
 e dessas crescidas, as mal nascidas,
nevoas, sujo-escuro, sujas!... ...Agora: 

 são as...
 “Ondas e o Mar” de Caymmi,
que sem o Mestre se contradizem,
as Ondas que morrem em "marolinha",
e o Mar que não lava mais das praias
a nevoa, sujo-escuro, suja!... 

São os...
“Tempo e o Vento” de Veríssimo,
que sem o Mestre se contradizem,
o Tempo, que ao passar não apaga
e o Vento, que não sopra pra longe
a nevoa, sujo-escuro, suja!... 

são...
Versos dispersos sem Drummod;
 letras sem rimas de Vinicius;
melodias sem o “tom” de Jobim;
letras e melodias sem a voz de Elis;
verdades não ditas nas letras de Roberto;
“encaracolados de Caetano” que se alisam;
“línguas soltas” de Gilberto que se travam;
os sentidos figurados que já não figuram,
que sem os mestres se contradizem,
pois que os ausentes nada podem e
os indiferentes se dignam com
a nevoa, sujo-escuro, suja!... 

São as saudades...
Da coragem atrevida, mas sábia de Ulisses;
Dos acomodados bastidores de Tancredo;
Dos arroubos consequentes de Brizola;
Daqueles gritos de Diretas Já;
Daqueles guris com Caras Pintadas;
Daqueles gritos de decência já;
Da civilidade de verde e amarelo;
È só nevoa, sujo-escuro, suja!...

Da... 
Triste contradição dos tempos...
De lembranças tristes... ...aquele!
Pior? Não sei, mas com esperança.
E a constatação triste... ...deste!
Pior? Com certeza, pois, sem esperança,
É só nevoa, sujo-escuro, suja!... 

Que saudade, agora, sem os Mestres.
Sem aquele desarmamento de espírito e
o ensarilhamento de armas nos quartéis.
Sem o, embora tardio, mas
nobre reconhecimento do erro.
Oh! Nevoa, sujo-escuro, suja!... 

Agora é a vez dos “vermes” se
banquetearem com o que jaz,
inerte, impotente, indefeso;
sem as sábias vozes e letras.
Agônico! Este é o meu País.
Oh! Nevoa, sujo-escuro, suja!... 

É a gênese lusitana confirmando
O meio entre o princípio e o agora
Da nevoa, sujo-escuro, suja!...
 

Delmar Fontoura. 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 




     

      

 
 

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