terça-feira, 27 de dezembro de 2011

As Bougainvílleas...


Hoje o dia amanheceu triste prolongando  o indormido breu da madrugada... ...O frio e a chuva, arrastados pelo vento  próprio dos primeiros dias dos invernos do Sul,  enregelam meu corpo e minha alma...

Tomo, agora, a triste decisão de não mais voltar ao parque, forçado pela necessidade de poupar energia para que este coração continue batendo, pois submeto-me, junto com a esperança, ao jugo do tempo, que, insistente, teima em manter meus passados: um perfeito, o outro mais que perfeito e este presente imperfeito, que se prolongará até  um futuro, que antevejo bem próximo, quando morrerá comigo...

Esperei!... ...Foram incontáveis anos após os meses do prazo que deste para voltar... Durante esses anos de espera vi as Bougainvílleas do parque brotarem e cobrirem de lilás o caramanchão sob o qual abrigávamos nossos momentos de amor e paixão; vi as folhas e flores de Bougainvíllea formarem um tapete sobre o chão sobre o qual caminhávamos com as mãos entrelaçadas e a passos lentos para que o tempo não passasse; vi essas mesmas folhas e flores secarem e, junto com minha dor, rolarem ao leo assoladas pelos fortes ventos durante os tristes invernos de minha espera...

     Vi, nos invernos da vida que vivi para te esperar, o tempo que nos separava só aumentar a cada minuto, que, contado por mim, passava... ...Sofri mais, sofri menos e meus sentimentos, junto com as secas folhas e flores de Bougainviílea, rolaram, nesse chão, carregados pelos ventos... ...e a cada instante desse tempo senti uma dor diferente para suportar a espera e guardar esse único e imenso amor que sinto por ti!...

Estão chegando os fortes e, antevejo, últimos ventos dos meus invernos... ...Agora terei pouco tempo para, olhando através da janela, ouvir seus uivos avisando-me, como fantasmas impiedosos,  que estão levando para longe as flores e folhas de Bougainvíllea junto com minha energia e esperança!...

Meus corpo e alma, mesmo corroídos pela desilusão, pelo vento e pelo tempo aos quais se expuseram a tua espera, se mantêm fieis a esse amor... ...E este coração só teve forças para pulsar na esperança de que um dia voltarias, embora a razão me dissesse o contrário... ...e esse dia não chegou. Mas a razão desconhece os secretos cantinhos dos corações apaixonados e deste, que um dia, já bem próximo, quando parar para descansar, deverá ser coberto por Bougainvílleas lilases!...





     Delmar Fontoura.




4 comentários:

  1. Márcia Barcellos da Cunha27 de dezembro de 2011 às 09:47

    Onde é esse lugar MARAVILHOSO???????????????Será aqui na Terra???? O texto é escandalosamente lindo, assim como a foto.Apaixonante!!!!!! Abraços. Márcia

    ResponderExcluir
  2. Oh Amiga Márcia! Isso é coisa do “Meu Pensamento”... ...abaixo está a razão

    “Pois é com essa liberdade, que meu pensamento, como um “corcel alado e selvagem”, com a soberba de sua indomável rebeldia, voa sobre: mares, nuvens, bosques, pradarias, colinas, trigais, jardins em manhãs de orvalho serenado, rumo ao infinito… …e é capaz de ir tão longe, que ultrapasse meu espaço e tempo e espalhe, com suas asas, o pó que sobrar de mim e tiver sido levantado por seu tropel …”


    Delmar Fontoura.

    ResponderExcluir
  3. Márcia Barcellos da Cunha27 de dezembro de 2011 às 13:20

    Então, seu pensamento vai longe, muito longe, onde somente a emoção é capaz de alcançar...É como antenas que captam a beleza do universo,de planos onde não existe sofrimento e nem ranger de dentes... O seu pensamento está muito bem sintonizado.Parabéns mil vezes!!!! Grande abraço. Márcia

    ResponderExcluir
  4. Márcia Barcellos da Cunha28 de dezembro de 2011 às 17:10

    Sinceramente??? Li várias vezes esse lindo texto e não sei qual é o parágrafo mais bonito...Penso que vc descreve o que vai no coração de muitos de nós, que sofremos por amar sem saber o que é amor. Grande abraço. Márcia

    ResponderExcluir