Para alguns que tentam justificar "ações", ser “careta” tem lá seus sinônimos onde fica estabelecido que é quem não usa entorpecente ou quem é
conservador muito apegado a valores tradicionais de moralidade.
Ora! Se ser “careta” é isso, fui e ainda
sou, pois, no espaço e no tempo de minha vida, entre pré-adolescente e adulto, não
senti necessidade nem de “fumar” nem de beber e tive o discernimento de adotar
o caráter de meu “saudoso e querido Pai” e o mais próximo que cheguei da droga
foi, inconscientemente, tomando Coca-Cola (coca).
Mas, em razão do meu destino, como órfão
de mãe aos nove anos, tive no caminho uma madrasta bruxa, que, não sendo uma
Maga Patológica nem uma Madame Mim, contrariada — não cabe aqui o porquê — fez
com que meu pai queimasse, diante de minha tentativa de apagar com lágrimas, um
acervo de, aproximadamente, duzentos exemplares de Histórias em Quadrinho.
De origem humilde, sofri!... ...sem
perspectiva de refazer a coleção... ...Mas em lugar da revolta, dediquei-me às
matinês de domingo no antigo Cinema Castelo, na Rua da Azenha, em Porto
Alegre... ...para, ilustrando meus sonhos, assistir as aventuras de meus
principais heróis após tê-los lido nas centenas de páginas da minha coleção de
Gibis, já em cinzas ao vento daqueles tempos... ...Passei então a gostar de
cinema, que foi e ainda é minha Cuba-Libre, um dos meus antônimos ou para
alguns sinônimos de careta!...
Delmar
Fontoura.
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